Hiperuricemia e gota são condições intimamente relacionadas ao metabolismo do ácido úrico, um subproduto natural da degradação de purinas, que são compostos encontrados em muitos alimentos e também produzidos pelo corpo. A hiperuricemia é caracterizada por níveis elevados de ácido úrico no sangue, enquanto a gota é a manifestação clínica da hiperuricemia, ocorrendo quando há acúmulo de cristais de urato nas articulações, causando inflamação intensa e dor.
A hiperuricemia ocorre quando o nível de ácido úrico no sangue excede os 6,8 mg/dL, ponto em que o ácido úrico pode começar a cristalizar. O ácido úrico é eliminado pelos rins, mas, em algumas situações, pode haver um aumento da produção ou uma diminuição da excreção, levando ao acúmulo no sangue.
A gota é uma forma de artrite inflamatória causada pelo acúmulo de cristais de urato monossódico nas articulações. Esses cristais provocam uma resposta inflamatória intensa, levando a episódios de dor aguda, inchaço, calor e vermelhidão, que geralmente acometem uma única articulação (mais comumente o dedão do pé).
A nutrição desempenha um papel central no manejo da hiperuricemia e da gota, ajudando a reduzir os níveis de ácido úrico e a frequência de ataques.
A ingestão de alimentos ricos em purinas deve ser limitada para reduzir a produção de ácido úrico. Alimentos a serem evitados incluem:
Ao contrário da crença popular, vegetais ricos em purinas, como espinafre, aspargos e cogumelos, têm um efeito mínimo nos níveis de ácido úrico e não precisam ser evitados. Dietas ricas em vegetais têm mostrado benefícios na redução do risco de ataques de gota.
O consumo elevado de frutose (açúcar presente em refrigerantes, sucos industrializados e alimentos processados) está associado ao aumento dos níveis de ácido úrico. Bebidas adoçadas com açúcar devem ser evitadas, enquanto o consumo moderado de frutas frescas é considerado seguro.
A hidratação adequada é essencial para ajudar os rins a eliminar o ácido úrico. Recomenda-se a ingestão de pelo menos 2 a 3 litros de água por dia, especialmente durante episódios agudos de gota.
Os produtos lácteos, especialmente os desnatados, têm um efeito protetor contra a gota, ajudando a reduzir os níveis de ácido úrico. Leite desnatado, iogurte natural e queijos magros são boas opções.
Estudos sugerem que o consumo moderado de café está associado a uma redução no risco de gota, possivelmente devido a seus efeitos sobre a excreção renal de ácido úrico. Além disso, a suplementação de vitamina C (500 mg/dia) pode ajudar a reduzir os níveis de ácido úrico, estimulando a sua eliminação pelos rins.
Além das modificações dietéticas e no estilo de vida, o tratamento farmacológico pode ser necessário para reduzir os níveis de ácido úrico e prevenir ataques de gota:
A obesidade é um fator de risco significativo para a hiperuricemia e a gota. A perda de peso ajuda a reduzir os níveis de ácido úrico e a diminuir a frequência e a gravidade dos ataques de gota. Dietas que focam em alimentos integrais, ricos em fibras, com carboidratos complexos e proteínas magras são recomendadas, evitando dietas restritivas e muito baixas em carboidratos, que podem aumentar a produção de ácido úrico.
A prática regular de exercícios físicos pode ajudar na manutenção do peso e no controle da hiperuricemia. Contudo, é importante evitar atividades físicas extenuantes durante episódios agudos de gota, pois o estresse físico pode piorar a inflamação.
A hiperuricemia e a gota são condições que exigem uma abordagem multifacetada, envolvendo mudanças na dieta, controle de peso, prática de atividade física e, quando necessário, o uso de medicamentos. A adesão a uma dieta equilibrada, pobre em purinas, rica em vegetais e com hidratação adequada, é a chave para a prevenção de episódios de gota e para o manejo de longo prazo dos níveis de ácido úrico. Uma abordagem baseada em evidências, aliada ao acompanhamento médico e nutricional, é essencial para garantir a saúde articular e a prevenção de complicações graves.
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