A cirurgia bariátrica, também conhecida como cirurgia de redução do estômago, é um procedimento médico voltado principalmente para o tratamento da obesidade grave. É indicada para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m² quando associada a comorbidades, como diabetes tipo 2, hipertensão, apneia do sono, entre outras condições relacionadas ao excesso de peso. No entanto, a cirurgia não é uma solução isolada e deve ser acompanhada por mudanças no estilo de vida, sendo a nutrição um dos pilares fundamentais para o sucesso a longo prazo.
Existem diferentes tipos de procedimentos bariátricos, como o bypass gástrico, a gastrectomia vertical (sleeve gástrico), a banda gástrica ajustável e a derivação biliopancreática. Cada método tem mecanismos distintos, como a redução do tamanho do estômago, a alteração na absorção de nutrientes ou a combinação de ambos. A escolha do procedimento depende de vários fatores, incluindo o perfil clínico do paciente, comorbidades, preferências pessoais e avaliação da equipe médica.
Antes da cirurgia, o acompanhamento nutricional é essencial para preparar o paciente, ajudando a adotar hábitos alimentares mais saudáveis, reduzir peso, e minimizar riscos durante o procedimento. O plano alimentar pré-operatório visa melhorar a saúde geral do paciente, diminuir o tamanho do fígado e facilitar o procedimento cirúrgico.
Após a cirurgia, a nutrição continua a desempenhar um papel central, pois a alimentação do paciente passa por uma série de fases adaptativas. No pós-operatório imediato, a dieta é líquida, evoluindo gradualmente para pastosa, branda e, finalmente, para alimentos sólidos. Essa progressão deve ser feita de forma cuidadosa para evitar complicações, como o dumping (sintomas que ocorrem quando alimentos passam rapidamente do estômago para o intestino) e deficiências nutricionais.
Pacientes que passam pela cirurgia bariátrica enfrentam alguns desafios nutricionais específicos. A ingestão reduzida de alimentos e, dependendo do tipo de cirurgia, a diminuição da absorção de nutrientes podem levar a deficiências de vitaminas e minerais, como ferro, vitamina B12, cálcio e vitamina D. Por isso, o uso de suplementos nutricionais torna-se muitas vezes necessário, e o acompanhamento regular com o nutricionista é indispensável para ajustes na suplementação e orientações alimentares.
Outro desafio é a adaptação psicológica em relação à comida. Muitos pacientes precisam lidar com mudanças na percepção de fome e saciedade, além de hábitos alimentares construídos ao longo da vida. A reeducação alimentar é fundamental para desenvolver uma relação mais saudável com os alimentos e evitar o reganho de peso.
Para garantir o sucesso da cirurgia bariátrica a longo prazo, é essencial adotar estratégias nutricionais eficazes. A alimentação precisa ser balanceada, priorizando proteínas magras, já que a capacidade de ingerir alimentos é limitada, e as proteínas são essenciais para a preservação da massa muscular. O controle da ingestão de carboidratos simples e gorduras também é necessário para evitar complicações, como ganho de peso ou deficiências nutricionais.
Além disso, a prática de mindful eating (alimentação consciente) pode ajudar o paciente a comer de forma mais controlada, apreciando os alimentos, identificando sinais de saciedade e evitando excessos. O acompanhamento multidisciplinar, com nutricionistas, psicólogos, e educadores físicos, potencializa os resultados, garantindo uma abordagem integral à saúde do paciente.
A cirurgia bariátrica é uma ferramenta poderosa no combate à obesidade, mas não é uma “solução mágica”. O sucesso do procedimento depende de uma mudança permanente no estilo de vida, especialmente nos hábitos alimentares. A nutrição desempenha um papel crucial em todas as fases do processo, desde o preparo para a cirurgia até o acompanhamento a longo prazo, auxiliando o paciente a manter um peso saudável, evitar complicações e melhorar a qualidade de vida.
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